25/03/2008

Bushido


O caminho do guerreiro samurai

O Bushido (bushi = guerreiro, do = caminho), o código de honra e ética do guerreiro samurai, despertou o interesse de muita gente em 2004, especialmente pelo lançamento do filme "O Último Samurai", que mostra o astro Tom Cruise como um militar americano cuja vida muda ao conhecer os samurais e o Bushido.

É natural, num tempo e sociedade tão carentes de valores como estes no qual vivemos, que o Bushido chame a atenção. Os seus valores atemporais trazem uma clara noção entre o certo e o errado, acrescentando mais importância e ideal à vida das pessoas.

O Bushido surgiu e consolidou-se juntamente com a história dos samurais durante os períodos Heian a Tokugawa. As virtudes do Bushido - Justiça (GI), Coragem (Yuu), Benevolência (Jin), Educação (Rei), Sinceridade (Makoto), Honra (Meiyo) e Lealdade (Chuugi) - tiveram origem em três correntes principais, o Budismo, o Shintoismo e o Confucionismo.

Do Budismo, o Bushido herdou a coragem ao encarar a morte e o desapego pelas questões materiais.

Do Confucionismo surge a lealdade ao senhor feudal, a relação com a sociedade e a importância do nome da família. Dentro do Bushido as linhas gerais que regem as mais variadas relações entre as pessoas, como Mestre e Discípulo, Sempai e Kohai, pai e filho, irmão mais velho e mais novo, marido e mulher possuem raízes no Confucionismo.

Do Shintoismo trouxe o respeito para com a terra, com o feudo e a estima pela essência, o espírito que há em tudo, desde as pessoas aos lugares, as espadas e os demais utensílios dos samurais.

Para o Samurai era preferível a morte à desonra. A desonra fica como uma mancha, marcando toda a família. Esta era uma vergonha que nenhum samurai conseguia suportar.

Uma das obras mais importantes sobre o Bushido é o Hagakure – "Folhas Ocultas" – escrito por Yamamoto Tsunetomo, um samurai da província de Saga, no Século XVII. A aceitação resoluta da morte fica clara no trecho: "O Bushido implica em escolher sempre a morte quando houver a possibilidade de escolha entre viver e morrer"

O grande samurai Miyamoto Musashi Sensei, escreveu em sua obra, o Livro dos Cinco Anéis: " O Caminho do Guerreiro é a aceitação resoluta da morte". Isto resume o sentimento do samurai em relação ao Bushido. A vida tem um valor imensurável, porém mesmo esta é deixada de lado face a valores ainda maiores.

O Bushido Hoje

Dois séculos após o fim dos samurais como classe social, o Bushido permanece vivo dentro da cultura japonesa. Isto deve-se aos nove séculos em que o Japão teve nestes valores a guia-mestra para todas as relações humanas.

O prejuízo causado à população japonesa, após a Segunda Guerra Mundial, foi incrivelmente superado em pouco tempo. O país passou de nação derrotada a potência mundial em apenas 30 anos. Essa recuperação foi directamente influenciada pelo Bushido.

Apesar destes valores estarem hoje atenuados na sociedade japonesa, e muitas das novas gerações acreditarem que são valores pertencentes ao passado, há lugares onde o Bushido mantém a sua forma próxima à original. Estes lugares são os tradicionais dojos de Kobudo.

Kobudo é a denominação dos estilos de combate criados antes de 1868 , o ano da restauração Meiji, que marcou o fim dos samurais como classe poucos anos depois.

São nestes Dojos que sobrevivem, de facto, os últimos samurais. Pessoas que cultivam, em pleno século XXI, o modo de viver dos guerreiros que fizeram da honra e da ética os instrumentos para governar uma nação.

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