11/03/2008

O Nascimento do Ju Jutsu



Um médico japonês que vivia em Nagasaki, chamado Akiyama Shirobei Yoshitoki, por volta do século XVII, viajou à China para aprofundar os seus conhecimentos no campo da medicina.
Enquanto lá esteve, estudou vários métodos de reanimação (hassei-ho - que mais tarde se tornou na ciência kappo ou katsu), no entanto, esteve também exposto às artes marciais chinesas, aos seus princípios estratégicos e à sua aplicação. Isto deve-se obviamente ao facto de que a medicina chinesa era um conhecimento andava em paralelo com as artes marciais. Aprendeu uma arte conhecida por hakuda, que consistia em pontapés e murros mais o agarrar e bloquear. Akiyama também aprendeu 28 formas diferentes de recuperar um homem de morte aparente.

Depois do seu regresso para ao Japão, ele começou a ensinar a arte a um pequeno conjunto de alunos escolhidos, mas como ele tinha pouca informação técnica para transmitir, os seus alunos cedo se aborreceram e abandonaram-no.

Muito aborrecido com isto, Akiyama foi para o santuário de Tenjin durante cem dias para meditar. Durante este período descobriu 303 métodos diferentes de aplicar a arte. Esta multiplicação de técnicas deveu-se ao facto de Akiyama ter visto um pinheiro erecto no meio de uma floresta que após uma violenta tempestade de neve ficou partido em bocados, porque reteve a neve nos seus ramos até que estes não aguentassem e partissem. Contudo, um salgueiro que estava nas redondezas, com os seus ramos que foram cedendo ao peso da neve não se partiu. Ele aprendeu assim o princípio da não resistência (“Ju” – suavidade ou gentileza) e aplicou-o na arte marcial, não só no sentido do combate, mas também no sentido moral e espiritual.

Abriu outra escola que teve muito sucesso, chamando-a yoshin-ryu ou “A escola do Espírito de Salgueiro”, consistindo em técnicas tanto de contacto como de corpo a corpo, em simultâneo com a meditação de forma a unificar corpo e mente.

A história recorda que muitas técnicas de projecção e bloqueios surgiram no Japão há milhares de anos atrás. Estes métodos foram sistematizados no Ju Jutsu (“A Arte da Gentileza”) em 1532 por Hisamori Takenouchi. Eles são parte integrante do treino dos samurais e complementam as suas técnicas mais especializadas com as armas. Assim, dentro do Ju-Jutsu coexistiam tanto, técnicas com armas como sem armas. Isto acentuava ainda mais, tal como esperado de guerreiros treinados, a eficácia destes nos campos de batalha.

O Ju Jutsu não é um concurso de força muscular – de facto, este nem é um factor importante. A arte assenta no equilíbrio, no uso de sistemas de alavancas e na velocidade para efectuar os movimentos necessários e assim, a força disponível é aplicada com todas as vantagens. Ju Jutsu tende a eliminar as diferenças de tamanho, peso, altura e alcance.

Fazem parte do programa global de prática do Ju Jutsu técnicas de contacto, o corpo a corpo, a manipulação articular, o conhecimento fisiológico e funcional do organismo humano, trabalho respiratório e meditação.

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